segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Textos teóricos estudados

A GEOGRAFIA NA ESCOLA


FONTES, R. M. P. do A. A geografia na escola. In: Da geografia que se ensina a gênese da geografia moderna. Florianópolis: UFSC, 1989.


A geografia mantém relações com o sistema escolar bastante profunda.
Os estudos de base escolar na antiguidade eram ligados às elites pelas instituições religiosas, como forma de retransmitir suas idéias.
A instituição da geografia na sala de aula deu-se para concretizar objetivos geopolíticos dos estados nações, tendo por objetivo descrever lugares como uma ciência síntese.
O modelo de geografia ministrado na atualidade e uma reprodução da geografia ensinada no passado, com o incremento das mudanças históricas, políticas e econômicas.
A origem germânica da geografia iniciou-se com Kant, porem torno-se disciplina escolar com Humboldt.
No momento mundial a geografia ganha grandes espaços para se desenvolver, no passado a geografia alemã se impôs na Franca, dando mais amplitude em sua importância.


PONTUSCHKA, N. N. A formação pedagógica do professor de geografia e as praticas interdisciplinares. São Paulo, 1994.

Fichamento.

O texto relata de uma forma bem detalhada as transformações e embates ocorridos na geografia tanto escolar como acadêmica no Brasil, abordando dentre outras coisas a dualidade do ensino/pesquisa.
Ao relatar historicamente os acontecimentos e percalços sofridos pela geografia brasileira e européia (mais especificamente a francesa e alemã), o autor desperta o desejo de uma analise e discussão mais profunda sobre o ensino de geografia.
Inicialmente ele relata a importância da influencia européia com destaque a francesa, para o desenvolvimento da ciência geográfica. Com ênfase na descrição, essa geografia chamada de tradicional, representava no ensino e portanto para o aluno a necessidade apenas de ter boa memória, pois essa se restringia apenas na enumeração de nomes de rios, montanhas, etc.
A partir de 1930, há no Brasil das duas principais faculdades de filosofia, do IBGE e da AGB. Com isso os geógrafos da USP e da AGB, dão inicio a grande “carga” de embate, sobre a questão do ensino e pesquisa em geografia. Influenciado pela geografia francesa, a geografia brasileira da ênfase aos estudos regionais, considerados a expressão mais fiel da paisagem geográfica. Paralelo a isso, via se na Alemanha o desenvolvimento de uma chamada geografia determinista, sob a influencia do teórico Ratzel. Esse determinismo geográfico para fundamentar a expansão alemã, isto é, a conquista de novos territórios.
Mergulhados em uma rivalidade com os alemães, os franceses lançaram-se numa discussão sobre o espaço geográfico, visando deslegitimar a reflexão geográfica alemã e fundamentar o expansionismo francês, cabendo a fundação da escola francesa de geografia a Vidal de La Blache.
No Brasil, a partir da década de 60, a geografia tradicional começou a sofrer muitas criticas, devido a sua capacidade de apreender a complexidade do mundo capitalista, surge então a geografia “teórico-quantitativa” e dialética, sendo que a ultima encontra mais espaço entre os geógrafos. A partir da década de 70, com os debates acirrados em decorrência da busca de novos paradigmas teóricos para a produção de geografia, a escola publica enfrenta uma grande perda, pois as disciplinas de geografia e de historia foram tiradas do currículo da 5a e 6a series com a inclusão da disciplina de Estudos Sociais. Esse fato estabelecera, emergido em uma serie de acontecimentos que compartilham para a degradação do ensino publico brasileiro, tais como salários baixos, incapacidade na formação de professores, etc.
Entretanto em uma serie de debates e produções geográficas sobre o ensino, percebeu-se a necessidade de uma discussão mais madura sobre as propostas curriculares, introduzindo novamente nos currículos de 5a e 6a series o ensino de geografia e também o e historia.
Com o intenso debate ocorrido em cima do ensino e da pesquisa em geografia, percebemos a necessidade da continuidade do mesmo, sendo de grande necessidade para o amadurecimento da geografia tanto em termos acadêmicos, como escolares.

O QUESTIONAMENTO DA GEOGRAFIA NO BRASIL

Octavio Ianni analisou as constantes crises da economia primaria exportadora do Brasil, e revelou as limitações de dependência econômica em que o país se encontrava.
Nos anos 50 sob hegemonia dos EUA, houve uma reelaboração de dependência do país, onde as classes sociais passaram a participar de debates nos grandes centros urbanos.
Nesse momento o quadro agrário sofre modificações em decorrência da industrialização, onde as particularidades locais tornam-se uma rede nacional e mundial, com o homem vivendo em sociedade e o meio natural transformado em meio geográfico.
O capitalismo mundializou o espaço geográfico, desta maneira a geografia tradicional não era capaz de compreender essa complexidade.
O embasamento filosófico, centralizado no positivismo clássico e no historicismo passou a ser violentamente questionado pela geografia teorética.
No estado de SP, no depto. de geografia da Fac. de filosofia de Rio Claro foi fundada uma entidade denominada Associação de geografia teorética, que passou a produzir o Boletim de geografia teorética, utilizando procedimentos quantitativos de analise.
O 1º capitulo do boletim foi escrito por Antonio Chistofoletti e Lívia de Oliveira, com o intuito de responder ao questionamento feito a geografia sobre a ausência de embasamento teórico para a definição de seu objeto.
Os autores acreditavam que com essa perspectiva teórica, eliminariam as dicotomias da geografia, em relação ao objeto e ao método.
Na formação de professores para o 1º e 2º graus, a prof.ª Lívia de Oliveira teve importância na década de 70 e 80, pois foi uma das poucas a produzir textos ligados a metodologia de ensino de geografia, lido em varias partes do país.
As tendências na geografia “teorética quantitativa” utilizam modelos originados das ciências físicas e biológicas para explicar a realidade social. Essas tendências foram consideradas positivistas, e substituíram a observação direta por um empirismo mais abstrato, com uma linguagem mais elaborada, sem deixar de constituir uma vertente conservadora.
A geografia teorética não obteve repercussão direta nas escolas de 1º e 2º graus, pois estávamos vivendo no regime militar, sendo que foram levadas as escolas livros completamente desviados e empobrecidos em seu conteúdo geográfico, que muitas vezes tiveram seu conteúdo alterado pela proposta de Estudos Sociais.


Os Estudos Sociais e a polêmica desencadeada.

A legislação imposta de forma autoritária tinha a intenção de transformar a geografia e a historia em disciplinas inexpressivas, fragmentando ainda mais os respectivos conhecimentos.
Apesar da introdução de estudos Sociais terem sido feitas em 1971, seus conceitos ainda eram indefinidos, contudo, Bernardo Issler realizou uma analise diferente do programa de Estudos Sociais na escola primaria, colocando-o como um avanço, historicizando sua gênese, sobre o fato de ter como objetivo o estudo da vida real, sem uma separação marcada como a das diferentes matérias do ensino.
Um grupo de trabalho ligado ao MEC elaborou um “guia curricular” de estudos sociais, que foi valorizado, por traduzir ao professor o sentido do trabalho que dele se esperava.

Estudos sociais nas escolas vocacionais e nos colégios de Aplicação.

O sentido de “Estudos Sociais” nos ginásios Vocacionais e colégios de Aplicação diferenciam muito daquele que foi implantado em 1971. Nessas escolas se empregava um novo projeto em resposta as metodologias tradicionais, com efetivação das características da Escola Nova, que não existia no Brasil.
A característica desenvolvida nos ginásios foi o tratamento cientifico dado aos problemas da educação. Na época faltava clareza na conceitualização de Estudos Sociais, embora os professores percebessem que historia e geografia em seu sentido tradicional não davam conta da construção de uma Nova Escola.
Após vários estudos e avaliações conjuntas foram traçados os objetivos da área de Estudos Sociais para os Ginásios Vocacionais.

1 Por o adolescente em contacto com o mundo que o cerca.
2 Contribuir para integrar o individuo na sociedade em que vive.
3 Desenvolver a consciência de necessidades de estabelecer contactos com os diferentes meios de comunicação.
4 Desenvolver a capacidade para discussão e elaboração do trabalho em equipe.
5 Formar o sentimento de nacionalidade.
6 Promover a valorização do elemento humano, desenvolvendo atitude de aceitação para com as diferentes raças, crenças e nacionalidades.
7 Valorizar a cultura e consequentemente a hierarquia de valores.
8 Acentuar e elevar na formação espiritual dos adolescentes a consciência humanística.
9 Desenvolver o raciocínio do educando.
10 Desenvolver atitudes cientificas, para o desenvolvimento do gosto pela pesquisa.
11 Desenvolver a capacidade de pensamento simbólico.
12 Desenvolver a capacidade de estudar com senso critico de que leu, viu e ouviu.
13 Dar conhecimento sobre vários campos da geografia física e humana e dos relacionamentos homem e meio.
14 Localizar no espaço os fatos estudados na s demais áreas, dando sentido de integração a esses fatos.
15 Desenvolver no educando a consciência histórica.

O planejamento das atividades curriculares da área de estudos sociais estava baseado no seguinte modelo: área núcleo, círculos concêntricos, e estudos da comunidade, a área principal do circulo.

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